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A trilogia "A Quinta Onda" é uma distopia YA confusa demais para fazer sentido (resenha)

Atualizado: 22 de ago. de 2021


Sempre que algum livro/série vira sensação, nós vivemos aquele momento em que outros livros e séries do gênero começam a chover sobre todos nós. Aconteceu com os vampiros, com anjos caídos, e aconteceu também com as distopias Young Adult (jovem adulto).


Vocês devem lembrar que tudo começou com o sucesso de Jogos Vorazes. Vejam, eu não estou dizendo que a trilogia iniciou o gênero, nem nada disso, longe de mim. Muitas vezes, a obra considerada inaugural das distopias é “Nós”, do autor russo Ievguêni Zamiátin, escrita entre 1920 e 1921, que, por sua vez, já havia se inspirado bastante no romance de H.G. Wells “When the sleeper wakes”, cuja publicação foi iniciada em 1899, e posteriormente revisada e atualizada para “The Sleeper Awakes” em 1910. “The Iron Heel”, de Jack London, publicado em 1908, é outro dos primeiros romances escritos em universos distópicos.


Portanto, quando o livro de Susanne Collins foi publicado em 2008, e mais ainda, quando o filme estreou em 2012, já tínhamos mais ou menos uns 100 anos de narrativas distópicas, nos quais foram escritos clássicos como “1984”, de George Orwell, “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury, dentre outros. Mas a trilogia teve o diferencial de focar em um público mais jovem, que cada dia mais se tornava (e continua se tornando) politicamente engajado.


Apesar de Jogos Vorazes ser, na minha opinião, uma boa trilogia, nem todas as séries YA do gênero que surgiram no esteio dela têm a mesma qualidade, e eu falo como uma pessoa que leu várias. O lançamento em 2016 da adaptação cinematográfica do livro de Rick Yancey, “A Quinta Onda”, escrito em 2013, colocou a trilogia na minha lista de “preciso ler”, mas eu só finalizei a leitura em 2021, e esse texto é sobre o que eu achei dela.


Quem é a trilogia "A Quinta Onda" na fila do pão?



Quando comecei a leitura da trilogia “A Quinta Onda”, de Rick Yancey, eu pausei após finalizar o segundo livro. Há uns dois anos eu consegui o último livro em uma troca no Skoob, e vinha prometendo reler os dois primeiros, por isso adiei tanto, mas entre janeiro e fevereiro de 2021 eu finalmente consegui. Portanto, essa resenha é sobre os 3 livros da trilogia e, por mais que eu tente ser vaga, é possível que ela contenha spoilers, mesmo que leves.


Na obra nós vamos acompanhar a Terra após ter sido atacada por alienígenas. A nave apareceu sobre a Terra e em poucos dias coisas bizarras começaram a acontecer, as ondas. A primeira foi a desativação da energia, a segunda foram tsunamis, a terceira, uma doença contagiosa (que me parece uma referência direta ao conto “A Máscara da Morte Vermelha” de Edgar Allan Poe) e a quarta foram os silenciadores, pessoas que parecem humanas, mas matam outros humanos. Depois de tudo isso, a população humana foi reduzida a quase nada!


Nós vamos acompanhar alguns adolescentes e crianças que conseguiram sobreviver, dentre eles Cassie Sullivan, que está em busca de encontrar seu irmão, e Zumbi, um garoto recrutado pelo exército para formar uma força de combate antialienígena. Aos poucos conhecemos outros personagens, como Evan Walker, um rapaz que encontra Cassie; o irmão dela, Sam; Especialista, outra recruta da base de Zumbi, e mais outros tantos que acabam não tendo grande importância, mas são inseridos mesmo assim.


O primeiro livro é meio cansativo, porque apresenta todo o background da história, como os personagens chegaram àquela situação, e essas informações são inseridas ao longo da narrativa. Todos os livros são divididos em partes com capítulos pelo ponto de vista de um personagem, depois outro, depois outro, etc., podendo ser maiores ou menores, então, muitas vezes, eu queria saber o que ia acontecer com X, mas a parte terminava, e eu tinha que lidar com vários capítulos da jornada de Y. Se há algo de bom que eu posso mencionar sobre a trilogia, diz respeito a como o autor conseguiu diferenciar as vozes dos personagens, tornando fácil saber quem tem o foco em cada momento, embora ache que ele falhou em dar uma voz infantil a Sam.


O segundo livro é mais acelerado do que o primeiro, o que torna a leitura mais agradável, mas o terceiro consegue destruir qualquer expectativa criada pelos outros dois. A questão é que a trilogia inteira tem como principal mistério o que está por trás da invasão, e esse mistério perdura ao longo dos três livros. Porém, nós temos especulações o tempo inteiro, e quando parece que há algo definitivo, aquela coisa é “revogada” depois. Por tudo isso, o plot fica extremamente confuso! Para piorar, em diversos momentos, a história parece ir para lugar nenhum. Coisas acontecem para absolutamente nada, tipo nada mesmo.


Vou dar um exemplo que pode ser um spoiler, se não quer saber, melhor pular para o próximo parágrafo. Em determinado momento as vidas de dois personagens são perdidas para que outro seja salvo e possa fugir. Após a fuga, esse outro personagem retorna ao local de onde fugiu, tornando o sacrifício dos outros dois completamente inútil. ¯\_(ツ)_/¯


A releitura dos dois primeiros volumes e leitura do terceiro entraram para o hall de piores do ano até agora, e eu digo, honestamente, que terminei na base do ódio. É fraco e sem coesão. O final me deixou com muita raiva e ainda por cima me perguntando como era possível depois de três livros eu ainda não ter certeza do que aconteceu realmente e por quê.


Vão por mim, há muitas distopias melhores.


Título: A quinta onda

Autor(a/e): Rick Yancey

Ano de publicação: 2013

Editora desta edição: Fundamento

Tradução: Edite Siegert Sciulli


Título: O mar infinito

Autor(a/e): Rick Yancey

Ano de publicação: 2014

Editora desta edição: Fundamento

Tradução: Edite Siegert Sciulli


Título: The last star (no Brasil, A última estrela)

Autor(a/e): Rick Yancey

Ano de publicação: 2016

Editora desta edição: G.P. Putnam's Sons



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